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Instituto Rubens Gerchman

1942 - 2008


ALGUMAS PALAVRAS SOBRE RUBENS GERCHMAN

"Várias constatações atuais: "A maior parte das pessoas olha mas não vê. Muitos artistas e críticos contemporâneos não gostam da arte porque não gostam do mundo, das pessoas, das coisas que povoam esse mundo". Rubens Gerchman - neste tempo estéril e monótono da arte plástica atual - é uma exceção à regra.Ele não faz outra coisa a não ser olhar, de manha à noite e quase como um trabalho, com uma dedicação comovedora. E isto que olha grava-se na sua retina como uma câmera fotográfica, até que - mais tarde - dessa coleção de imagens se valerá para criar desenhos, gravuras, pinturas. Não literalmente, mais assim em forma de citação, de recordação transfigurada à qual ele acrescenta - então - sua criação pessoal, enriquecedora, deformante, imaginativa.

Essa multidão que aparece em algumas de suas obras recentes é compostas de rostos: com olhos, com bocas. Critica social, caricatura? Não no sentido pejorativo do termo, porque o que predomina em seu fazer é um ato de solidariedade humana. Gerchman - para seu próprio orgulho - é gregário, gosta das pessoas, de conversar com elas, de misturar-se a elas. Os franceses têm uma expressão que - traduzida - significa algo como: "Quanto mais loucos somos, mais gargalhadas damos". Este poderia ser um lema de Gerchman, que adora confraternizar, até com desconhecidos. Caminhar, andar de automóvel, circular por uma cidade com esse pintor brasileiro é escutar um comentário permanente do que acontece a seu redor: para ele não há feio nem bonito, só conta o visível. E como ele é absolutamente curioso, tudo lhe parece digno de ser registrado, para que um dia, uma semana, um mês ou um ano mais tarde apareça numa obra sua, reelaborada e convertida em outra coisa que chamaremos um quadro. Com a diferença que esse quadro, atestado de signos abstratos, figurativos, reconhecíveis, transpostos, funcionará como uma totalidade na qual há confusão de formas, cores gritantes, sublinhadas as vezes com um enérgico traço negro, que serve de estrutura a todo esse aparente delírio.

Rubens Gerchman é um pintor popular, populista ou popularesco? Nem tanto como alguns pretendem caracteriza-lo para se destacar. A coisa é mais complicada do que parece. Ele é um artista que se inspira no cotidiano que nos circula: publicidade, cinema, televisão, revistas ilustradas. À primeira vista sua atitude parece de brincadeira, de festejo carnavalesco, embora também tenha seu lado romântico e se emocione estampando casais que se beijam como na capa das fotonovelas das quais não se ri, mas trata, sim, de sublimá-las em uma possível forma de arte através de um trabalho de depuração.

Seu compatriota Ferreira Gullar expressou-o admiravelmente: "Os problemas de linguagem pictórica são a preocupação de uma minoria, mas a guerra, o sexo, a moral, a fome, a liberdade são problemas de todos os seres humanos". Desses temas nutre-se Rubens Gerchman para nos comunicar sua euforia visual que é compreensiva, carinhosa e jamais caustica, vingativa ou cruel. Todos os países latino-americanos deveríamos contar - no mínimo - com um desses artistas que não estão ressentidos. E que por defenderem princípios humanos e humanitários, não o fazem destilando veneno, mas sim dando-nos a todos o que necessitamos, um suplemento de esperança em nossos melhores valores."

Damián Bayón





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