Flores
"Trata-se de uma concisão. Mas não é uma concisão que simplifique coisa alguma, que torne algo mais claro, reduzindo-o a um fácil e rápido entendimento. Ao contrário, " flores" traduz precisamente um acontecimento suspenso de seu estado de coisa. É um trabalho que substitue o estoque de informações, pelas qualidades puras de um acontecimento singular.
Gerúndio é o tempo deste conjunto de imagens,
gerúndio é o tempo sem contornos do pensamento,
gerúndio é o tempo desfocado do instantâneo.
Há uma síntese nesses trabalhos composta tão somente de linhas virtuais - roseando, avermelhando, vivendo, secando… São registros de passagem - transmutatividade - e também gritos prorrompidos, dores liberadas e cantos alegres. Mas tudo processado com o gosto pelo contínuo, por aquilo que nunca acaba de acontecer.
Revela-se aí uma exploração de vizinhanças, contiguidades segundo conexões estabelecidas a partir dos próprios corpos agenciados - olho, máquina, flores, luz, agentes químicos, celulose…captados num único reflexo - conjunção de singularides."
Branca de Oliveira
São paulo, 12 de julho, 2001
Texto de apresentação do trabalho "flores", de Mônica Vendramini, para a Bienal de Fotografia de Quito